- Dr. Alexandre Naime Barbosa
Encontro de Infectologia “Caipirão” traz importantes novidades e tem casa cheia em Botucatu
Mais de 300 participantes lotaram o Salão Nobre da FMB-UNESP e puderam se atualizar com os principais especialistas da área.

Zika vírus, Dengue, Chikungunya, Hepatite C, Soro contra o Veneno de Abelhas, Infecção Hospitalar, Sarampo, Febre Maculosa, HIV/Aids foram alguns dos temas discutidos no último dia 19 de junho, durante o 18º Encontro de Infectologia do Interior Paulista, que aconteceu na Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. Apelidado carinhosamente de Caipirão, o evento, realizado pela Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), promove palestras e debates, integrando estudantes, residentes e profissionais da saúde de todo o Estado.
Já tradicional no calendário científico da SPI, sua primeira edição ocorreu na década de 1990. Sua sede é rotativa; as duas últimas foram a Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto (2014) e a UNICAMP (2013). “Desde o início, nosso foco é o mesmo: reunir os colegas do interior e discutir os temas mais importantes dentro do dia-a-dia do Infectologista, destacando as novidades da especialidade”, informa o professor Alexandre Naime Barbosa (UNESP), membro da Comissão Organizadora e da SPI.

Foto dos Professores do Caipirão. Da esquerda para a direita: Dr. Luiz Gustavo Cardoso (UNICAMP), Prof. Adj. Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza (UNESP), Prof. Titular Rinaldo Poncio Mendes (UNESP), Profa. Dra. Mariângela Ribeiro Resende (UNICAMP), Profa. Adjunta Lenice do Rosário de Souza (UNESP), Prof. Dr. Fernando Gongora e Profa. Dra. Delzi Vinha Nunes de Gangora (FAMERP), Prof. Titular Benedito Barraviera (UNESP), Profa. Dra. Thaís Guimarães - Presidente da SPI, Prof. Dr. Juvêncio José Duailibe Furtado (Medicina ABC e Hospital Heliópolis), Profa. Adjunta Alcyone Artioli Machado (USP-RP), Dra. Mônica Jacques Moraes (UNICAMP), Prof. Dr. Benedito Fonseca (USP-RP), o Prof. Adjunto Paulo Câmara Marques Pereira (UNESP), Prof. Dr. Ricardo Augusto Monteiro de Barros Almeida (UNESP), Prof. Dr. Alexandre Naime Barbosa (Unesp), Prof. Dr. Irineu Luiz Maia (FAMERP) e Prof. Titular Roberto Martinez (USP-RP).
Além da comunidade acadêmica da UNESP Botucatu e profissionais de saúde da cidade, estiveram presentes delegações da UNICAMP-Campinas, USP-Ribeirão Preto, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, e colegas de Americana, Araçatuba, Avaré, Bariri, Barueri, Bauru, Cotia, Dois Córregos, Guaiçara, Itapetininga, Itapuí, Itatinga, Itú, Jacareí, Jaú, Lençóis Paulista, Lins, Marília, Osasco, Pederneiras, Piratininga, Presidente Prudente, Santana do Parnaíba, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Carlos, São Manoel, São Paulo, Sorocaba e de outras cidades brasileiras. Ao todo, foram 306 participantes sendo: Alunos de Graduação:139; Integrantes da Programação: 21; Médico em Geral:32; Médicos Residentes: 16; Outros Profissionais: 98.
Confira as fotos:
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Conferência Medicina Translacional - Da Fazenda ao Paciente: abrindo as atividades, o Prof. Titular Benedito Barraviera (UNESP) discutiu as dificuldades em transformar as descobertas científicas feitas no laboratório em produtos que possam ser aplicados em prol da saúde dos seres humanos. O trabalho de quase duas décadas desenvolvido pelo CEVAP, em parceria com muitas outras instituições, serviu de exemplo ao serem expostos dois cases de sucesso: o Selante de Fibrina (derivado do veneno de serpentes) e o Soro contra o Veneno de Abelhas. Esse último tema teve especial destaque, pois o numero de mortes por múltiplas picadas de abelhas proporcionalmente já está quase se igualando à mortalidade por picadas de serpentes, mas ainda não há tratamento específico com um soro neutralizante. Por conta disso, pesquisadores do CEVAP e do Instituto Vital Brasil, em parceria com a Faculdade de Medicina de Botucatu -UNESP, desenvolveram um produto que será testado brevemente em um protocolo clínico, sendo um possível candidato em potencial para salvar as vidas das vítimas de múltiplas picadas de abelhas.
Mesa Redonda Infecções Hospitalares: na sequência, as infecções hospitalares tiveram espaço, sendo abordada inicialmente a influência climática e da sazonalidade, bem como o impacto dessas variáveis nas taxas de infecção dentro de serviços de saúde, tema que coube ao Prof. Adj. Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza (UNESP). O impacto financeiro das infecções hospitalares, e a economia gerada pela prevenção dessas infecções foram as questões levantadas pelo Prof. Dr. Fernando Gongora (FAMERP), que demonstrou a excelente relação custo-benefício do controle bem sucedido efetuado pela ação de uma CCIH. Uma visão global e atualizada sobre as normas de precaução para bactérias multirresistentes foi a fala do Dr. Luiz Gustavo Cardoso (UNICAMP), que revisou as indicações de isolamento para esses pacientes. Finalmente, fechando a mesa, a Profa. Dra. Lucieni de Oliveira Conterno (FAMEMA) discutiu a qualidade dos dados científicos, e o grau de evidência no estudo das infecções hospitalares, trazendo uma visão mais racional na interpretação dos dados da literatura médica.
Conferência Hepatite C - Como Tratar nos Dias de Hoje: coube à Dra. Aline Vigani (UNICAMP) revisar o incrível avanço científico vivido nos últimos anos na esfera do tratamento da Hepatite C, tratamento esse que com as medicações de última geração que estão chegando ao Brasil promovem a cura de cerca de 90% dos pacientes tratados. Apesar do otimismo pela alta eficácia da terapêutica, foram também abordadas as dificuldades de acesso à essas medicações, bem como o diagnóstico das pessoas infectadas cronicamente pelo vírus da Hepatite C, que infelizmente não chega à 20% da população afetada no Brasil.
Mesa Redonda - Controle de Doenças e Imunização: nessa mesa, o Prof. Dr. Benedito Fonseca (USP-RP) iniciou as discussões abordando Dengue e Chikungunya, e até mesmo Zika vírus, doenças que muitas vezes tem difícil diagnóstico diferencial pela grande semelhança de sinais e sintomas. O principal alerta foi dado em relação à dengue, onde a presença de comorbidades está associada à maior letalidade, como ressaltou o Prof. Benedito. Na sequencia, a Profa. Dra. Mariângela Ribeiro Resende (UNICAMP) abordou a questão do Sarampo, doença que apesar de ser completamente evitável pela vacinação, ainda conta com epidemias no exterior, e alguns surtos no Brasil, demonstrando as falhas em estabelecer a efetividade de programas globais de vacinação. Fechando a mesa, coube ao Prof. Dr. Rodrigo Angerami (UNICAMP) destacar a problemática da Febre Maculosa, doença de grave mortalidade, causada por uma bactéria, e transmitida pela picada de carrapatos. Infelizmente essa infecção ainda mata muitas pessoas todo ano, e nas oito mortes ocorridas esse ano até agora, houve dificuldade em estabelecer o diagnóstico, pois a doença se assemelha muito com a dengue.
Conferência Infecção pelo HIV e Inflamação Crônica: nessa última atividade científica, a Dra. Mônica Jacques Moraes (UNICAMP) ressaltou a importância da infecção pelo HIV não somente como uma doença imunossupressora, mas também com potencial inflamatório e de ativação imune, o que gera um ambiente estimulador de doenças crônicas como aterosclerose, demência, doença renal entre outras. Uma das principais medidas para diminuir esse impacto inflamatório nos dias de hoje é a introdução precoce da terapia Anti-HIV, além de muitas outras condutas, que estão sob estudo.
Mesa de Encerramento: fechando as atividades, a Profa. Dra. Thaís Guimarães (Presidente da SPI) ressaltou o objetivo da SPI em levar Educação Continuada em Infectologia aos mais diferentes locais do estado de São Paulo, através do Caipirão e outros eventos correlatos. Foram também anunciados os três trabalhos científicos premiados com uma inscrição ao Congresso Paulista de Infectologia de 2016, e a escolha de São José do Rio Preto como sede do Caipirão 2016. Para finalizar o Prof. Adjunto Paulo Câmara Marques Pereira (UNESP) destacou a alegria da comunidade acadêmica da UNESP em receber o Caipirão 2015, mantendo o compromisso com a SPI e as outras Escolas de Infectologia do Estado de São Paulo em promover em conjunto ciência, pesquisa, ensino e retorno à sociedade no âmbito da especialidade.