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  • Dr. Alexandre Naime Barbosa

HIV/Aids ainda Mata e Avança nos Mais Jovens


Entrevista para o jornal Diário da Serra em 01/12/2015

Leia na integra, e faça o download aqui.

Hoje, 1º de dezembro, é o dia Mundial de Luta con­tra a Aids. A data foi insti­tuída em outubro de 1987, na Assembleia Mundial da Saúde, com apoio da Orga­nização das Nações Unidas – ONU. A ideia é reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compre­ensão com as pessoas in­fectadas pelo HIV/Aids. No Brasil, a data passou a ser adotada, a partir de 1988, por uma portaria assinada pelo Ministério da Saúde.

Segundo o médico in­fectologista, Alexandre Naime Barbosa, a cada duas horas, três pessoas morrem em decorrência da infecção pelo HIV no Bra­sil, totalizando mais de 12 mil óbitos por ano.

“Apesar de todos os avanços cien­tíficos nesses últimos 34 anos de luta contra a Aids, ainda temos um número alto de óbitos. A imensa maioria dessa tragédia cotidiana é composta por indivíduos jovens, que de­veriam estar com a saúde em pleno funcionamento, atuando na força de traba­lho e contribuindo para o crescimento do país. Esse verdadeiro saldo de guer­ra é devido principalmente a três fatores: 1. Falha das políticas públicas de pre­venção; 2. Diagnóstico tar­dio da infecção pelo HIV; 3. Falhas na rede de assistên­cia à pessoa vivendo com HIV/Aids”, afirma.

Nos últimos seis anos, o aumento de casos entre jovens de 15-24 anos foi de 50% no Brasil. De forma mais alarmante, pesquisa divulgada na semana pas­sada mostra que os casos de HIV triplicaram em ado­lescentes na cidade de São Paulo. “O número de casos novos de infecção pelo HIV é extremamente preocu­pante em algumas popula­ções, principalmente entre os mais jovens. Quando se olha a população como o todo, o número de casos novos parece estabilizado em cerca de 40 mil/ano já há algum tempo, mas em algumas populações mais vulneráveis como os mais jovens, as taxas estão cres­cendo assustadoramente. E infelizmente, essa também é a realidade vivenciada em Botucatu, onde o Servi­ço de Ambulatórios Espe­cializados de Infectologia “Domingos Alves Meira” (SAEI-DAM), recebe os ca­sos novos da cidade e da região”, conta o médico in­fectologista.

A enfermeira Juliane Andrade, da Coordenação Municipal DST/Aids afir­ma que os jovens não pos­suem a percepção do risco. “O que a gente nota é que os adolescentes se preocu­pam mais com a gravidez do que com as DST’s pro­priamente, com a preven­ção. Eles não acham que vai acontecer com eles e por isso não se previnem. Essa é uma geração com muito acesso a informação, mas falta realmente a per­cepção de risco aos adoles­centes”, afirma.

Para Alexandre Naime Barbosa a mensagem “Aids tem tratamento, e as pesso­as não morrem mais disso” foi absorvida de forma de­sastrosa. “Isso causa uma sensação de falsa segurança e gera falta de percepção de risco, principalmente entre os adolescentes e mais jo­vens. Perdeu-se o medo da Aids, e o descompromisso com a prevenção ficou evi­dente em recente pesquisa que revelou que apesar de 94% das pessoas saber que a melhor forma de evitar o HIV é usando o preservati­vo, mais de 45% não usa de forma rotineira com parcei­ros eventuais”, salienta.

Em Botucatu, segundo informações da Coordena­ção DST/Aids do municí­pio, 36 novos casos foram confirmados. “Mas é im­portante lembrar que nem todo mundo que é porta­dor da doença vem fazer o teste, muitos deles mesmo sabendo da infecção não fazem o tratamento, não sabemos dizer quantas pessoas são portadoras de HIV no município”, afirma Juliane Andrade.

Embora pareça “cli­chê” demais, a camisinha é a forma mais efetiva de prevenção. “O preservati­vo é a barreira mais efeti­va contra o HIV; se usado de forma consistente é 100% efetivo em bloquear a transmissão do vírus. Mas também, existem mé­todos adicionais altamente efetivos, e já disponíveis à população, como a PEP (Profilaxia Pós-Exposição Sexual) ao HIV. Em uma relação sexual em que o preservativo não foi usado, ou se rompeu, se algumas medicações anti-HIV forem tomadas em até 72 horas, o risco de transmissão é 0%. Em Botucatu, a PEP Se­xual está disponível desde 2011 no SAEI-DAM e no HC UNESP, de forma gratuita pelo SUS”, explica.

Diagnóstico tardio

No Brasil, geralmen­te as pessoas recebem o diagnóstico de infecção pelo HIV já com a doença avançada, e às vezes tar­de demais para se evitar o óbito. Segundo o médico infectologista, Alexandre Naime Barbosa, mais de 57% dos casos, o paciente descobre a doença quando o sistema imune, a defe­sa natural do organismo, já está significativamen­te abalado. “De maneira mais trágica, mais de 20% só tem diagnóstico na fase avançada da doença, a Aids propriamente dita. Essa realidade explica em parte os números de mor­talidade no Brasil”, afirma.

O principal motivo que determina o diagnóstico tardio é a falta de realiza­ção de testes para detecção do HIV de forma mais roti­neira. Toda pessoa que já teve alguma relação sexu­al na vida, mas ainda não fez o teste, tem indicação de colher os exames anti­-HIV. “Não basta confiar no parceiro, ou achar que uma pessoa aparentemen­te saudável não possa ser portadora do HIV. A Aids não tem cara, e aliança no dedo não previne contra o vírus”, destaca. Em Botucatu, a Testa­gem Anti-HIV está dis­ponível no SAEI-DAM, no Centro de Testagem e Aconselhamento do Cen­tro Saúde Escola (CTA­-CSE), e em algumas Uni­dades Básicas de Saúde (UBS), de forma gratuita pelo SUS. “é importante ressaltar que a cada rela­ção sexual desprotegida, sem preservativo, é ne­cessário repetir os testes”, afirma o médico infectolo­gista.

Ações na cidade

A coordenação muni­cipal de DST/Aids realiza atividades para prevenção da doença o ano todo, mas no mês de novembro elas são intensificadas. “No es­tado de São Paulo a gente tem a campanha Fique Sa­bendo, ela orienta e reali­za teste rápido HIV e Sífi­lis. Já realizamos diversas ações na Praça do Bosque e nas unidades de Pronto Atendimento da Cohab I e Peabiru. Nós trabalhamos o ano inteiro com a pre­venção, as 20 unidades de saúde realizam o teste rá­pido”, explica a enfermei­ra Juliane Andrade. Muitas pessoas con­fundem o significado do teste rápido. “O teste tem esse nome porque em 15 minutos o paciente já tem o resultado, não é rápido porque ele vai chegar na unidade de saúde e fazer o teste.

Cada unidade de saúde possui uma rotina e pessoas treinadas para a realização do teste, então é importante essa explica­ção”, afirma a enfermeira. No sábado, dia 5 de de­zembro, das 9h às 13h será realizado o encerramento das atividades da campa­nha Fique Sabendo e co­memoração do Dia Mun­dial de Luta contra a Aids. “Nossa comemoração ao dia mundial será feita no dia 5 e não dia 1º. Estare­mos na praça do Bosque e terá uma apresentação do Labirinto das Sensações, que de uma forma bem lú­dica e rápida explica sobre a doença”, conta Juliane.

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