- Dr. Alexandre Naime Barbosa
Saiba como funciona a vacina contra a dengue

Entrevista ao jornal Diário da Serra, publicada em 07/Jan/2016.
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A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a primeira vacina contra a dengue no país. A informação foi divulgada no dia 28 de dezembro no Diário Oficial da União, e a decisão é o primeiro passo para o início da comercialização do produto no Brasil.
Produzida pelo laboratório farmacêutico francês Sanofi Pasteur, a vacina ‘Dengvaxia’ já tinha sido aprovada no México e nas Filipinas no início do mês de dezembro. Ela é indicada para pessoas de 09 a 45 anos de idade. O médico infectologista Alexandre Naime Barbosa afirma que para pessoas acima dessa faixa etária os resultados de eficácia não foram satisfatórios.
“A Dengvaxia é composta por vírus atenuado, ou seja, enfraquecido e, portanto, está contraindicada para menores de 09 anos, gestantes, pessoas vivendo com HIV/Aids e outras com problemas na função imune. Exceções a parte, a segurança dessa vacina está amplamente comprovada para a população em geral”, afirma.
Ele também declara que essa vacina possui uma eficácia de 93% em termos de reduzir as formas graves, e tem ação sobre os quatro sorotipos do vírus da dengue. Já a proteção geral, ou seja, evitar qualquer quadro clínico da dengue é de 66%.
“É importante lembrar que nenhuma vacina tem proteção de 100%, e que essa é a primeira vacina aprovada mundialmente contra o vírus da dengue. Existem outras candidatas em estudo, inclusive uma nacional, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o governo dos Estados Unidos, mas cujos estudos ainda estão em andamento”, reitera Alexandre.
O especialista comenta que em locais onde o número de casos é alto, e as medidas de controle do mosquito transmissor da dengue não são eficazes, a vacinação utilizando a Dengvaxia deve ser fortemente considerada. Como sabemos, Botucatu já passou por alguns surtos de dengue no ano passado, afetando cerca de 700 pessoas, mas hoje as autoridades afirmam que os casos diminuíram bastante.
Mas, apesar de muitas pessoas saberem que a vacina foi aprovada pela Anvisa e que logo será comercializada no Brasil, algumas dúvidas comuns ainda surgem, como por exemplo quantas doses precisam ser tomadas ou se a vacina será distribuída pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O infectologista Alexandre responde algumas dessas questões, esclarecendo dúvidas pertinentes.
“São três doses injetáveis subcutâneas, com intervalo de seis meses entre cada aplicação. A proteção total só se dá após o esquema completo, mas a imunidade parcial já começa a surgir no início das doses. Sobre a vacina ser distribuída pelo SUS, por enquanto não há preço oficial acordado para o Brasil, no momento essa avaliação está a cargo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão do governo que gerencia essa questão. Portanto, a incorporação pelo SUS depende de muita negociação. Mas extraoficialmente posso assegurar que existe muita vontade política dentro do Ministério da Saúde para que essa tecnologia seja oferecida à população”, relata.
Outra questão esclarecida por Alexandre é se a vacina Dengvaxia protege contra o vírus Zika e Chicungunya. “A vacina protege única e exclusivamente contra o vírus da dengue, não tendo ação nenhuma sobre os arbovírus Zika, Chicungunya, Febre Amarela, entre outros. É importante lembrar que a eficácia dessa vacina não é 100% e, portanto, o cuidado em eliminar o Aedes aegypti deve permanecer como principal ação de saúde pública no enfrentamento dessa epidemia”, conclui.