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  • Dr. Alexandre Naime Barbosa

Surto de Caxumba: Como se prevenir?


Entrevista sobre o surto de Caxumba em 2016 ao Jornal Diário da Serra em 01/Jul/2016.


Faça o download aqui, ou leia abaixo.


Enquanto no ano de 2015 foram notificados 671 casos de caxumba no estado de São Paulo, em 2016, só entre abril e ju­nho, já são 842 pessoas infectadas. As informa­ções são do infectologis­ta Alexandre Naime Bar­bosa, docente da Unesp. “Comparativamente, o ano todo de 2014 somou apenas 118 casos em São Paulo”, coloca o professor, que também é membro da Diretoria da Socieda­de Paulista de Infectolo­gia e membro titular da Sociedade Brasileira da especialidade. “Desde o ano passado o número de casos de caxumba vem aumentando importante­mente em todo o Brasil, com destaque para o es­tado de São Paulo”, alerta.


De acordo com ele, em nossa região “houve um discreto aumento no nú­mero de casos suspeitos, mas não a intensidade verificada na região de Campinas e na capital”, onde estão concentradas as principais notificações do estado sobre a doença.


O infectologista desta­ca que um dos principais motivos para esse cres­cimento é que parte da população tem deixado de se vacinar. A proteção contra caxumba, confor­me consta no Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde, é dividida em duas do­ses, a primeira deve ser tomada aos 12 meses de vida, é a vacina Tríplice Viral – que protege con­tra caxumba, rubéola e sarampo -, e, a segunda dose, vem na Tetraviral, que imuniza ainda con­tra varicela, e é destina­da para crianças de 15 meses. “A vacinação é a melhor forma de preven­ção contra a caxumba, a falta da segunda dose da vacina é apontada como um dos grandes fatores envolvidos com a explo­são de casos verificada no estado de São Paulo e no Brasil”.


O professor ainda aponta que, quando a pessoa toma a vacinação completa, ela adquire proteção de 96,1% con­tra o vírus causador da doença. “Pessoas não va­cinadas no passado, ou com esquemas incomple­tos, são susceptíveis e au­mentam a circulação do vírus. Com isso, aqueles quase 4% da população que tomaram as duas do­ses da vacina, mas não produziram quantidade de anticorpos protetores, podem adoecer”.


Ele explica que para uma doença imunopre­venível - ou seja, aquela que pode ser prevenida por imunização ou vaci­nação, como é o caso da caxumba - ser controla­da na população, não é necessário que 100% das pessoas sejam vacinadas, mas pelo menos uma grande parcela, para que todos sejam protegidos. “Esse efeito é conhecido como imunidade de re­banho. Porém, quando uma parcela significativa da população não toma a vacina, por questões ide­ológicas, boatos ou negli­gência, o percentual de pessoas protegidas cai muito, e o patógeno cir­cula com mais força, cau­sando um grande núme­ro de casos da doença”.


Alexandre Naime: “A vacinação é a melhor forma de prevenção contra a caxumba, a falta da segunda dose da vacina é apontada como um dos grandes fatores envolvidos com a explosão de casos”.


SINTOMAS E DIAGNÓSTICO


O infectologista Alexandre Barbosa aponta que, entre os sintomas da caxumba, estão inchaço e dor na região embaixo da mandíbula, além de dor muscular e ao engolir, febre, mal-estar e falta de apetite. “São menos intensos nas crianças do que nos adultos”, destaca o médico.


Ele completa que alguns outros sinais, se observados, sugerem complicações da doença e exigem assistência médica imediata. É o caso de o paciente sentir dor e inchaço nos testículos, o que corresponde a um quadro de orquite, que é inflamação nos testículos; ou então se a mulher sentir esses incômodos na região dos ovários, que se trata de ooforite, também uma inflamação. Náuseas, vômitos e dor no abdômen superior também podem corresponder a uma complicação decorrente da doença, no caso, pancreatite; ou ainda o caso pode evoluir para um sério quadro de meningite, caracterizado por rigidez na nuca, dor de cabeça e fraqueza.


“A caxumba é uma doença com sintomas muito incômodos, e apesar da raridade das complicações, todo cuidado é pouco, pois pode evoluir para inflamação dos testículos e dos ovários (que pode resultar em esterilidade), meningite asséptica, pancreatite, neurite e surdez. Por tudo isso, a prevenção é fundamental, pois a doença é extremamente debilitante na fase sintomática, afastando o indivíduo de suas atividades, como a escola ou o trabalho”, ressalta Barbosa.


Se desconfiar da doença, é necessário procurar um médico infectologista que, dado o diagnóstico, dará início ao tratamento. Em relação aos remédios, podem ser receitados anti-inflamatórios, analgésicos e antitérmicos para aliviar os sintomas somente, porque droga específica contra caxumba não existe. “O doente deve permanecer em repouso enquanto durar a infecção”, completa o docente.


Vale destacar que os casos aumentam nas épocas mais frias, porque o vírus da caxumba é transmitido pelo ar, ou por contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. “Por isso os casos aumentam no outono e inverno, pois as pessoas costumam ficar em ambientes mais fechados por causa do frio, e com aglomeração”.


Mais um detalhe é que quem já pegou caxumba uma vez, dificilmente terá de novo. “A caxumba é uma doença que leva à produção de anticorpos protetores para o resto da vida, e dificilmente a pessoa terá uma reinfecção. Mesmo quem teve caxumba somente de um lado está protegido”, explica o médico.

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