top of page
  • Dr. Alexandre Naime Barbosa

Ataques com Seringa - Como Proceder após Exposição à Sangue


Entrevista do Jornal Correio Brasiliense em 20/Jun/2018


Médicos, policiais e moradores de Campina Grande, na Paraíba, estão intrigados com ataques a seringas. Desde a semana passada, ao menos 42 pessoas precisaram receber atendimento hospitalar após perfurações do tipo. A Polícia Civil do estado investiga o caso como lesão corporal leve. A preocupação é que não se sabe que as seringas estão com algum tipo de material contaminado com vírus de doenças infectocontagiosas.

As agressões ocorreram na mais tradicional festa junina do país e num bloco de rua. A Polícia Civil da Paraíba recolheu quatro seringas e um bisturi. Exames preliminares constataram que nas seringas havia sangue diluído em soro fisiológico. Novos testes serão realizados para averiguar se o sangue é humano ou de animais. Nestas seringas, não há indícios de contaminação por vírus de doenças contagiosas.


Após uma semana dos primeiros casos registrados, a polícia não identificou nenhum suspeito. Imagens das câmeras de segurança do local da festa e de onde as seringas foram encontradas e serão averiguadas para tentar identificar agressores. O delegado Henry Fábio Ribeiro, chefe da investigação, adiantou ao Correio que até esta sexta-feira (22/6) o laudo definitivo será divulgado pelo Instituto de Perícia Científica. "Metade das vítimas já foram ouvidas. Apenas três pessoas registraram boletim de ocorrência. Elas estão com medo de ter o nome relacionado à doenças infectocontagiosas. Duas pessoas viram a agulha as outras só perceberam o ferimento. A investigação está estágio avançado", destaca.


O Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes recebeu as vítimas do ataque. A faixa etária oscila de 17 a 50 anos, e há mais homens feridos do que mulheres. As lesões foram feitas, em sua maioria, nas mãos ou nas costas. Segundo o diretor da unidade médica, Geraldo Medeiros, a maioria dos pacientes só percebeu o ferimento muito tempo após o ataque. "O protocolo do serviço de infectologia é que sejam feitos exames de sífilis, aids e hepatite B. Posteriormente, essas pessoas fazem o tratamento de 28 dias contra o HIV e a se vacinarem contra hepatite B", conta.

Alexandre Naime Barbosa, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que as vítimas devem procurar auxílio médico até 72 anos após o ataque. "Pode levar até um mês para a pessoa descartar totalmente que não foi infectada. Por isso, elas terão que ficar em acompanhamento médico", acrescenta. Para ele, o alerta é que nunca aconteceu um ataque em escala tão grande no país. "Isso pode se caracterizar como transmissão intencional de doenças como nunca vimos antes", pondera.

O mais importante é o atendimento rápido às vítimas (72 horas) para que após avaliação clínica individual, a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP-HIV) possa ser indicada. A PEP-HIV é um conjunto de medicações (dois comprimidos) que são usados por 28 dias, previnem de forma completamente eficaz contra a contaminação pelo HIV. É possível também fazer profilaxia pós-exposição para Hepatite B e Sífilis. Já a Hepatite C, não tem medicação pós-exposição, mas pode ser tratada posteriormente caso haja contaminação com alta chance de cura.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/06/19/interna-brasil,689631/ataque-com-seringa-em-campina-grande.shtml

#jornal #hivaids

10 visualizações0 comentário
bottom of page