Dr. Alexandre Barbosa
Queda dos casos e internações por COVID em Botucatu refletem a importância da União pela Ciência
Atualizado: 7 de jul. de 2021

Entrevista do Prof. Dr. Alexandre Naime Barbosa ao Jornal o Globo em 05/Jul/2021.
A adesão dos moradores de Serrana (à vacinação em massa) foi de 96% com as duas doses. Para efeito de comparação, a taxa de brasileiros de 70 a 74 anos que receberam duas aplicações de imunizantes é de 80%, 12 pontos percentuais a menos do que os que receberam apenas a primeira dose. Em Serrana, a diferença entre as duas etapas foi de somente 2 pontos percentuais.
Estratégia diferente adotou a cidade de Botucatu, também em São Paulo. Lá, a vacina utilizada em estudo similar ao de Serrana foi desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca.
Estima-se que 99% dos moradores da cidade com idades entre 18 e 60 anos, tenham recebido as doses. Lideranças locais acreditam que a alta adesão ocorreu na esteira de medidas de contenção à pandemia tomadas pela cidade nos últimos meses.
— Conscientizamos as pessoas ao longo da pandemia e criamos engajamento (às medidas de segurança). Tivemos três lockdowns, aos finais de semana, um deles com feriado. A adesão a essas medidas foi quase maciça, o que gerou (influência) também na adesão à vacinação — afirma o prefeito, Mário Pardini (PSDB).
O conjunto de ações, dizem os médicos, culminou em um discurso unificado na cidade, partilhado por cientista, políticos e parte da população. Diariamente, o prefeito aparecia em programas de rádio e usava redes sociais para defender as medidas. Outro ponto que contou positivamente foi a aplicação das doses em um único dia, o que deu ares festivos à data.
A cidade agora tem outros desafios: evitar que a queda de casos crie a sensação de que a pandemia está superada, incentivando o comportamento de risco.
E também impedir redução na adesão para a segunda dose, agendada para agosto. Para a conscientização, foram instalados outdoors na cidade com a frase: “Vacinados, mas não descuidados. Ainda não acabou”.
— Se o presidente, o ministro da Saúde, todas as sociedades científicas falassem a mesma língua tudo seria mais fácil. Os anticiência e anti-vacinas não teriam voz — afirma o médico infectologista e professor da Unesp, Alexandre Naime Barbosa.
As cidades de Serrana e Botucatu já permitem analisar o impacto da vacinação fora dos estudos clínicos tradicionais.
Em Serrana, dados iniciais do Butantan mostraram que, após as duas doses, houve redução em 80% dos casos sintomáticos, 86% das internações e 95% dos óbitos.
Em Botucatu, dados baseados na análise de novos diagnósticos diários apontam para redução de 51% dos casos seis semanas após a aplicação da primeira dose. As internações caíram 56%, no período.
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